quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Fé.


Este texto do Gustavo Bessa eu dedico a todos que trabalham na obra, assim como eu e que já se sentiram muito chateados por fazerem muitas atividades na igreja, mas viverem em contendas e ciúmes. Servos que ficam horas na igreja e não conseguem ter um lar em paz e um bom relacionamento com os mais próximos. Dedico este texto às pessoas, eu me incluo nessa, que já se converteram sim, mas estão aprendendo a fazer o que é básico para um cristão: amar, inclusive os mais próximos.
Será que eu já cresci na fé?
O crescimento não é uma opção na vida de uma pessoa, mas, sim, uma necessidade. O crescimento é uma evidência de que a pessoa não está doente. O não-crescimento, esse sim, é totalmente anormal. Um bebê que nasce e não cresce adequadamente é sempre levado ao médico para ser avaliado. Quando olhamos para uma criança que não se desenvolve como as crianças da sua idade, nós ficamos preocupados. Nós comentamos entre nós mesmos sobre o assunto. Nós conversamos com os pais. Nós sugerimos uma ida ao médico. É assim que agimos no mundo natural. Por que achamos que é diferente no mundo espiritual? Por que não ficamos preocupados quando olhamos para um crente que não cresce espiritualmente? Por que achamos normal um crente permanecer como criança na fé depois de tantos anos, tantas pregações, tantas ministrações, tantos cultos e tantos anos de igreja? Da mesma maneira que um bebê, o crente deve crescer e se desenvolver até chegar à maturidade. Contudo, como eu posso saber se eu já cresci na fé? A resposta para essa pergunta não pode ser encontrada em outro lugar senão na Bíblia. Não é o mundo à minha volta, ou as pessoas do meu lado, ou o meu próprio senso de maturidade que servirão de régua para medir o meu crescimento. Nem o mundo, nem as pessoas e nem eu mesmo somos capazes de medir a maturidade na vida de alguém. Na verdade, não conseguimos nem mesmo enxergar, com clareza, o nosso próprio coração. O nosso coração é tão enganoso e corrupto (Jeremias17.9). Por essa razão e por causa das limitações do mundo à nossa volta e também de nós mesmos, precisamos da luz da Palavra de Deus. Ela é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho (Salmo119.105). Ao voltamos os nossos olhos para a Bíblia, nós encontramos muitas indicações do que signica crescimento na fé. A Bíblia nos oferece parâmetros seguros que podemos usar para medir o nosso amadurecimento na fé. Um dos textos bíblicos que trazem luz à essa pergunta sobre o amadurecimento na fé foi escrito pelo apóstolo Paulo sob inspiração do Espírito Santo. Ele escreveu o seguinte para os crentes da cidade de Corinto: “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais. Porquanto havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?” (1Co 3.1-3.) É interessante notar que Paulo não mede o amadurecimento espiritual de uma pessoa a partir do tanto de dons e ministérios que essa pessoa ou igreja possuem. A igreja de Corinto, por exemplo, era uma igreja cheia de dons e ministérios. Paulo mesmo reconhece isso, dizendo que aqueles irmãos haviam sido enriquecidos em tudo em Jesus e que nenhum dom estava ausente no meio daquela comunidade (1Co1.5-7). Ao escrever sobre a ordem de culto, Paulo cita uma série de dons e ministérios que certamente não eram estranhos ou distantes da experiência diária dos irmãos. Aqueles crentes entenderam e se identicaram com as palavras ditas por Paulo. Eles sabiam e tinham experiência em relação à Palavra de sabedoria, à Palavra de conhecimento, à fé, aos dons de curar, às operações de milagres, à profecia, ao discernimento de espíritos e às variedades de línguas (1Co 12.4-11). Tudo isso existia naquela igreja! Entretanto, Paulo, ainda assim, os chama de imaturos e de crianças em Cristo! Nós só podemos concluir, diante dessas palavras, que as manifestações sobrenaturais do espírito e a diversidade de ministérios desenvolvidos por uma pessoa ou comunidade não são sinais de maturidade na fé. Na verdade, a maturidade na fé é medida não pelos tantos dons e ministérios espirituais que desenvolvemos, mas, sim, pelo tanto que amamos as pessoas. O crescimento na fé é medido não pelo tanto que trabalhamos para Deus ou conhecemos sobre Deus, mas, sim, pelo tanto que amamos a Deus e ao próximo. A princípio, essa régua de medir, a saber, o quanto amamos, pode parecer muito subjetiva e abstrata, mas não é. Existem muitas aplicações e situações práticas que nos podem fazer saber o quanto realmente fomos invadidos pelo amor de Deus e também crescemos em Deus. Continuamos como crianças na fé, se, por exemplo, nos achamos melhores que os outros. A comparação e a competição nas coisas de Deus e nas coisas da vida são um sinal de imaturidade espiritual e de não-amor. (O amor quebra barreiras e une as pessoas. O amor sempre vê a todos como iguais e necessitados de Cristo Jesus. No amor não existem melhores ou piores, mas sim pessoas igualmente carentes de Deus.) Por outro lado, no mundo da comparação e da competição, existem os melhores e os piores, os vencedores e os perdedores, aqueles que são mais e aqueles que são menos, aqueles que se tornam mais amados e aqueles que se tornam menos apreciados, aqueles que recebem tudo e aqueles que recebem pouco, aqueles para quem as portas se abrem e aqueles para quem as portas se fecham, aqueles que são tidos como cidadãos de primeira classe e aqueles que são tidos como cidadãos de segunda classe. Se esse é o retrato do mundo natural, esse jamais deve ser o retrato daqueles que já nasceram em Cristo. O mundo-sem-Deus nunca é referencial para o Reino de Deus! Se existem duas classe de pessoas o mundo-sem-Deus, não pode haver duas classes de pessoas na comunidade da fé! A comparação e a competição não podem existir na vida e no coração do crente maduro. Ele precisa reconhecer que não é melhor do que ninguém e que não merece ser tratado melhor do que ninguém. Ele sabe que todos são iguais, apesar de terem dons e ministérios diferentes. O amor de Deus derramado em seu coração destruiu e continua destruindo os instintos pecaminosos de competição, comparação e divisão. O crente maduro se identica com as palavras que Paulo escreveu ao enfrentar essa situação de comparação e competição da igreja de Corinto:“Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento.” (1Co 3.5-7.) No coração e na vida do adulto na fé, existe a compreensão de que Deus é o único que deve ser glorificado e exaltado. Ele sabe que só existem duas posições no pódio: Aquela onde está Deus e aquela onde estão todos os seres humanos. Ele reconhece que Jesus, sim, é o vencedor; e que, se somos chamados de vencedores, nós o somos, não pelos nossos méritos, mas, sim, pelos méritos de Jesus. Só somos vencedores em Jesus. Somente Jesus pode nos fazer mais do que vencedores. Se alguém deve ser admirado, destacado, levantado e distinguido como o Melhor dos melhores, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores, esse alguém é Jesus Cristo. É chegado o tempo de nos posicionarmos como crentes maduros diante do nosso mundo infantil. Precisamos guardar o nosso coração e nos levantar como adultos espirituais na nossa geração. É tempo de crescermos e de rejeitarmos os rótulos mundanos que nos iludem a pensar que somos mais ou menos: mais amados porque temos muitos seguidores no twitter ou menos amados porque são poucas as pessoas que nos seguem; mais importantes porque são muitas as pessoas nos procuram ou menos importantes porque nos sentimos isolados; mais inteligentes porque as pessoas nos ouvem ou menos inteligentes porque ninguém presta atenção àquilo que dizemos; melhores porque temos muitos dons e ministérios ou piores porque temos pouco; mais prestigiados porque somos ricos ou menos notados porque somos pobres. No Reino de Deus não existe espaço para a ideia de melhor ou pior. A ideia da competição, da comparação e da divisão já foi abolida na cruz do calvário. Ninguém pode se achar melhor ou pior por causa de nacionalidade, ou posição sócio-econômica, ou coisa alguma. Por isso Paulo escreveu: “Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.” (Gálatas 2.28.) Os critérios mundanos usados para comparação, competição e divisão entre as pessoas já foram abolidos. No Reino de Deus não existe espaço para os que se acham melhores ou piores. Na verdade, todos são imerecedores e totalmente carentes da graça de Deus. Jesus, e somente Ele, deve ser distinguido, levantado, admirado e exaltado no nosso meio e em nossas vidas. Que o Cordeiro receba a recompensa pelo Seu sacrífício.

Um comentário:

  1. Que bênção esse estudo! É confirmação do que estamos aprendendo na Igreja sobre "O Caráter do Obreiro". Vou divulgar para os meus irmãos e tenho certeza de que essas palavras tocarão o coração de todos.

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