sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Escandaloso Evangelho.

“Não me envergonho do Evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” Romanos 1:16

Paulo, na carne, tinha razões para se envergonhar do Evangelho que pregava, porque contradizia tudo o que se cria ser verdadeiro e sagrado entre os seus contemporâneos. Para os judeus, o Evangelho era a pior blasfêmia porque reivindicava que o Nazareno que morreu amaldiçoado no Calvário era o Messias. Para os gregos, era o pior absurdo porque reivindicava que este Messias Judeu era Deus feito carne. Assim, Paulo sabia que quando abrisse a boca para falar o Evangelho, seria completamente rejeitado e ridicularizado, desprezado, a menos que o Espírito Santo interviesse e se movesse nos corações e mentes dos seus ouvintes. Nos nossos dias, o Evangelho primitivo não é menos ultrajante, pois ainda contradiz os princípios, ou os “-ismos”, da cultura contemporânea: o relativismo, o pluralismo e o humanismo.

NÃO É TUDO RELATIVO

Vivemos na era do Relativismo – um sistema de crenças baseado na absoluta certeza de que não há absolutos. Hipocritamente aplaudimos homens que buscam a verdade, mas executamos em praça pública qualquer um que seja arrogante o suficiente para acreditar que a encontrou. Vivemos numa era de trevas auto-impostas, e a razão disso acontecer é clara. O homem natural é uma criatura decaída, é moralmente corrupto, obstinado na sua autonomia (i.e.,no seu auto-governo). Odeia a Deus porque Ele é Justo, e odeia as Suas leis porque censuram e restringem a sua maldade. Ele odeia a verdade porque revela o que ele realmente é. Ele quase acaba com o que ainda permanece na sua consciência. Portanto, o homem decaído busca empurrar a verdade – especialmente a verdade sobre Deus – para o mais longe possível. Ele vai até onde for preciso para suprimir a verdade, mesmo a ponto de fingir que tal coisa não existe ou que, se existe, não pode ser conhecida nem ter alguma coisa a ver com as nossas vidas. Não é Deus que se esconde, é o homem. O problema não é o intelecto, é a vontade. Como um homem que esconde a sua cabeça na areia para evitar o ataque de um rinoceronte, o homem moderno nega a verdade de um Deus justo e os Seus absolutos morais, na esperança de silenciar a sua consciência e de esquecer o julgamento que ele sabe ser inevitável. O Evangelho cristão é um escândalo para o homem e para a sua cultura, porque faz a única coisa que ele mais quer evitar – desperta-o do seu auto-imposto “sono” para a realidade da sua situação decaída, da sua rebelião; chama-o à rejeição da sua autonomia e à submissão a Deus, através do arrependimento e fé em Jesus Cristo.

NÃO ESTÃO TODOS CORRETOS

Vivemos numa era de Pluralismo – um sistema de crenças que põe fim à verdade, declaran do que tudo é verdade, especialmente no que diz respeito à religião. Pode ser difícil para o cristão contemporâneo entender, mas os cristãos que viveram nos primeiros séculos da fé foram marcados e perseguidos como se fossem ateus. A cultura que os envolvia estava imersa em teísmo. O mundo estava cheio de imagens de deuses, a religião era um negócio crescente. Os homens não só toleravam os deuses uns dos outros, como também os trocavam e partilhavam. O mundo religioso ia muito bem até chegarem os cristãos e declararem que “deuses feitos com as mãos não são deuses.” Eles negaram aos Césares as honras que eles exigiam, recusaram dobrar os joelhos aos outros ditos “deuses”, e confessaram Jesus apenas como Senhor de tudo. O mundo inteiro assistiu boquiaberto a tal arrogância e reagiu com fúria contra a intolerável intolerância dos cristãos à tolerância.

Este mesmo cenário abunda no nosso mundo hoje em dia. Contra toda a lógica, dizem-nos que todas as posições em relação à religião e moralidade são verdadeiras, não importa quão radicalmente diferente se contraditórias possam ser. O aspecto mais espantoso de tudo isto é que, através dos incansáveis esforços da mídia e do mundo acadêmico, isto rapidamente se tornou a opinião da maioria. Contudo, o pluralismo não lida com o problema nem cura a maleita. Apenas anestesia o paciente para que já não sinta nem pense mais. O Evangelho é um escândalo porque despertao homem do seu sono e recusa-se a deixá-lo descansar numa base tão ilógica. Força-o a chegar a alguma conclusão – “Até quando vão coxear entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, sigam-no; mas se é Baal, sigam-no.”

O verdadeiro Evangelho é radicalmente exclusivo. Jesus não é “um” caminho, mas “o” caminho. E todos os outros caminhos não são o caminho. Se o cristianismo desse mais um pequeno passo que fosse no sentido de um ecumenicalismo mais tolerante, e trocasse o artigo definido “o” pelo artigo indefinido “um”, o escândalo desapareceria; o mundo e o cristianismo podiam ser amigos. Contudo, quando isto acontecer, o cristianismo deixou de ser cristianismo. Cristo é negado e o mundo fica sem Salvador.

O HOMEM NÃO É A MEDIDA

Vivemos numa era de Humanismo. Nas últimas décadas, o homem tem lutado para expurgar Deus da sua consciência e da sua cultura. Derrubou todos os altares visíveis ao “Único Deus Vivo” e ergueu monumentos para si mesmo, com o zelo de um religioso fanático.Fez de si próprio o centro, a medida e o fim de todas as coisas. Louva o seu mérito inato, exige honra à sua auto-estima e promove a sua auto-satisfação e auto-realização como o maior bem. Justifica a sua consciência culpada com os resquícios de uma antiquada religião de culpa. Procura livrar-se de qualquer responsabilidade pelo caos moral que o envolve, culpando a sociedade, ou pelo menos a parte da sociedade que ainda não atingiu o seu nível de entendimento. A mínima sugestão de que a sua consciência pudesse estar certa no seu testemunho contra ele, ou que ele pudesse ser responsável pelas quase infinitas doenças que há no mundo, é impensável. Por este motivo, o Evangelho é um escândalo para o homem decaído, pois expõe a sua ilusão acerca de si mesmo e convence-o da sua situação decaída e da sua culpa. Esta é, essencialmente, a “primeira ação” do Evangelho; é por isso que o mundo detesta tanto a pregação do verdadeiro Evangelho. Arruína a sua festa – estraga prazeres – destrói a sua fantasia e expõe que “o rei vai nu”.

As Escrituras reconhecem que o Evangelho de Jesus Cristo é uma “pedra de tropeço”4 e “loucura” para os homens, em todas as gerações e culturas. Contudo, tentar remover o escândalo da mensagem é invalidar a cruz de Cristo e o seu poder salvador. Temos que entender que o Evangelho não apenas é escandaloso, mas que é suposto que o seja!Através da loucura do Evangelho, Deus destruiu a sabedoria dos sábios, frustrou a inteligência das grandes mentes e abateu o orgulho de todos os homens, para que no fim nenhuma carne se possa gloriar na Sua presença, mas como está escrito: “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.”

O Evangelho de Paulo não só contradizia a religião, a filosofia e a cultura dos seus dias, mas declarava-lhes guerra. Recusava tréguas ou tratados com o mundo e satisfazia-se com nada menos do que absoluta rendição da cultura ao senhorio de Jesus Cristo. Fazemos bem em seguir o exemplo de Paulo. Temos que ser cuidadosos para evitar qualquer tentação de conformarmos o nosso Evangelho às modas de hoje ou aos desejos de homens carnais. Não temos o direito de deturpar, de suavizar a sua ofensa nem de civilizar as suas exigências radicais, para o tornarmos mais atraente a um mundo caído ou a carnais membros de igrejas. As nossas igrejas estão cheias de estratégias para serem mais “agradáveis”, pondo o Evangelho noutra embalagem, removendo a pedra de tropeço e amaciando o gume da espada, para ser mais aceitável aos homens carnais. Devemos ser sensível ao que busca, mas devemos perceber que: há só Um que busca e este é Deus. Se nos esforçamos para fazer nossas igrejas e mensagens confortáveis, façamos confortáveis para Ele. Se queremos erguer uma igreja ou ministério, vamos fazê-lo com uma paixão por glorificar a Deus e com um desejo de não ofender a Sua glória. Não importa o que o mundo vai pensar de nós! Não buscamos honras na terra, mas a honra do céu deve ser o nosso desejo.

Paulo Washer.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Graça.

Romanos 1:5.

"Por meio dele e por causa do seu nome, recebemos graça e apostolado para chamar dentre todas as nações um povo para a obediência que vem pela fé".

Vou procurar ser o mais natural na comunicação do que tenho aprendido de Deus, apesar de confessar que hoje não estou no dia mais inspirado pra escrita.


Bom quem nos escreve esse texto é o apostolo Paulo. Bem conhecido de todos nós, Paulo foi um homem muito zeloso de sua religião antes de sua conversão a Cristo. Segundo a prática do judaísmo ele se destacava em muito seus companheiros.


Filipenses 3: 4-6.

"embora eu mesmo tivesse razões para ter tal confiança. Se alguém pensa que tem razões para confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu; quanto à Lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na Lei, irrepreensível ".


Galatas 1:13

"No judaísmo, eu superava a maioria dos judeus da minha idade, e era extremamente zeloso das tradições dos meus antepassados".


Mas ainda que Paulo fosse grande religioso o texto nos mostra que ele estava em uma condição que ele por si mesmo não podia alcançar a graça de Deus. O texto de Romanos diz: " Por meio dele e por causa do seu nome, recebemos graça...".

Todos seus esforços, sacrifícios, seu zelo religioso não puderam fazer nada por ele quanto ao alcance da graça. O mesmo acontece conosco! Por piores que fossemos ou melhores aos olhos dos homens, ainda assim estávamos em uma condição que a graça de Deus não nos era acessível na nossa força.

E já que nós não podíamos fazer nada quanto a isso, então Deus o fez por nós! Sua graça nos alcançou!

O que era impossível que Paulo fizesse por ele mesmo, Deus então o fez. A graça o alcançou!


Paulo então vai dizer que a mesma graça que o alcançou para a salvação é a mesma que lhe dá condições para viver o propósito de Deus para sua vida. Romanos 1:5 " ...graça e apostolado..."

A graça que nos alcança para salvação é a mesma que nos possibilita vivermos uma vida alinhada ao propósito de Deus.

Sendo assim nossas disciplinas espirituais nem tem a finalidade de fazer a graça funcionar em nós; Não jejuamos para a graça funcionar ou não oramos para a graça funcionar, como se aquilo que Cristo fez por nós na cruz não fosse suficiente. Oramos, jejuamos e praticamos outras disciplinas porque a graça funciona, porque ela é eficiente e é por meio dessas disciplinas que podemos ver o trabalhar transformador de Deus.

Não temos poder nenhum sobre a transformação do nosso coração, mas como diria Richard Foster em seu livro "A celebração da disciplina", a graça gratuita de Deus nos conduz a disciplina; Assim como o semeador não tem poder sobre a semente, mas precisa trabalhar de maneira que haja uma condição propicia para o crescimento da semente, assim somos nós. Não é a oração que nos muda, não é o jejum que nos muda, só existe um fator eficiente para transformar verdadeiramente nosso coração e é a graça de Deus!


Romanos 1:14.

"Sou devedor tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes".


A consciência que veio a Paulo fez ele se sentir devedor. Devedor de quem? De Deus? Será que Paulo andava por ai como se Deus lhe estivesse cobrando alguma coisa?

Não! Paulo vai responder que seu senso de divida era para com as pessoas que como ele precisavam experimentar a graça de Deus. Paulo não andava por aí cobrando as pessoas, ele andava por aí com a consciência de que precisava saldar uma divida!

O mesmo sentimento precisava encher nosso coração!

Dever não é uma coisa muito boa, mas quando temos uma divida e sabemos que temos condição para pagar, então logo que podemos procuramos a pessoa a quem devemos para pagarmos.

Assim precisa estar o meu e o seu coração! Não podíamos fazer nada a respeito da nossa salvação, então uma graça que não merecíamos e nem esperávamos nos alcançou; nos tirou do lugar de morte e nos trouxe a um lugar de vida. Agora essa mesma graça nos habilita a andarmos na nova vida que Deus tem pra nós, nossos esforços se movem da direção não de fazer a coisa acontecer, mas de apenas criar um ambiente favorável onde possamos ver essas graça operar em nós e através de nós. Sendo assim o único sentimento que pode invadir o nosso coração é o da gratidão a Cristo por sua graça a nós e o da compaixão por aqueles que se encontram ainda no mesmo lugar onde nós estávamos.

Que Deus possa nos trazer esse sentimento de divida, de gratidão, e que isso nos leve como Paulo a dizer : não me envergonho do evangelho, sei que ele é o poder de Deus para a salvação!